MINDELEVELMENTE

PORQUE MINDELEVELMENTE???

Pela janela do avião admirava a paisagem, as montanhas, o pouco verde por falta da chuva... Era capaz de sentir o cheiro a limo e a maresia...na busca do olhar, avisto lá do alto o que parecia uma Igreja cravada no meio das rochas, meu coração palpitou, como se quisesse sair pela boca, e eu sorria,estava emocionada e naquele momento percebi que eu estava de volta...

De volta a minha casa interior e em busca do Amor e porque não pensar de volta ao Amor? Sim eu estava de volta ao Meu Amor, aquele que outrora reencontrei por um olhar...

A minha Igreja cravada nas rochas é o Farol Dona Amélia na Ponta do Machado, ou mais conhecido como Farol de São Pedro, imagens e sensações gravadas na pele e na alma; e o Meu Amor, no coração.

Pensando em 1Cor13,13:“ Agora, portanto, permanecem estas três coisas, Fé, Esperança e o Amor, mas a maior delas é o Amor.”

Realmente o Amor é a maior de todas as coisas, pois é através dele que conseguimos a força para tudo nesta vida: lutar, ultrapassar obstáculos, perdoar, sorrir, compreender, transformar-se, iluminar-se, tentar ser cada dia melhor, doar-se ao outro. O Amor é alicerce, é ação. O Amor quando há amor é Indelével, ou seja, que não se apaga, que não se dissipa, indestrutível.

Por obra do acaso, destino?Não sei, mas inventei, um neologismo ao dizer ” Eu te amo muito muito, ou Eu te amo mm” um dia escrevi “ Eu te amo mmindelevelmente”, por erro de digitação não dei espaço entre as palavras e ao ler MINDELEVELMENTE, li e sorri...

Por Amor, voltei ao lugar que meu corpo nunca fora, mas que vinha na minha alma, eu estava de volta...

Cabo verde, São Vicente, São Pedro, Minha Igreja, Mindelo era meu destino, o próximo voo... Como esperava chegar naquela ilha, como ansiava encontrar o homem que me fez atravessar o Atlântico, o homem que me fez conhecer, sentir a imensidade do que é o Amor... A viagem por lógica curta, pareceu-me, a mais distante, incrivelmente longe, meu coração batia tão forte, meus olhos emocionados compartilhavam a emoção com outros olhos que me olhavam...

A primeira vez que me percebi na África, eu estava radiante, eu estava viva como nunca outrora me senti....

Estava na Minha Terra, um cantinho perdido neste mar profundo, São Vicente!!! E aqui renasci para o Amor e para a Vida...

Não nasci em solo caboverdiano, não sou africana, tenho a pele branca e muito manchada por pequenas pancadas, mudo muito de cor fico rosa quando tomo sol, amarela quando, doente, sem cor, pálida quando tenho dor e roxa quando me espetam agulhas, mas uma coisa tenho certeza, amo Cabo Verde.

Por Priscilla Rocha

2011